Sobre as temporadas

Os recomeços são tempos de pausa nas zangas que nos consomem os dias. 
As zangas são tempos que ficam perdidos em impedimentos que se sobrepõem. As sobreposições... Bem, essas consomem as horas, os dias e os recomeços! Hoje, vamos falar sobre a frustração! 

Quando decidimos agendar umas férias, preparar uma tarde de cinema com os filhos, gastar aquele último dia "antes do grande regresso às aulas" com o melhor programa de todo o Verão queremos dar um espaço inócuo e garantido à nossa felicidade, espelhando-a na vida daqueles que nos importam! Damos o nosso melhor mas, memso assim, parece que há - nas férias - aquele restaurante péssimo ou aquele escaldão que nunca mais esqueceremos, há aquele ruído aborrecido na melhor parte do filme (do cinema) e o último dia "antes do grande regresso às aulas" é a representação clara - em nós - que se oficializa pelo regresso das rotinas das crianças. Tenhamos nós filhos, ou não, tudo se movimenta em função deste regresso. O trânsito aumenta, os acidentes rodoviários também, o nosso stress não parece preparado para o que aí vem... retomamos os almoços com aquele colega que fala demasiado, ou as noites mal dormidas em torno do que deixámos no escritório para resolver no dia seguinte! (a esta hora já o sinto a desesperar com o rumo que este texto leva...) 

A frustração surge quando há um desajuste entre aquilo que esperávamos e o que realmente aconteceu. O nosso cérebro tende a imaginar cenários, ideias ou conjeturas alinhadas com o nosso quadro de valores, caraterísticas, pensamentos ou tendências e que, por decorrerem da nossa idiossincrasia, podem colidir com um cenário real diferente. Perante este desajuste, o organismo reage como se estivesse diante de uma ameaça e é por isso que, mesmo sabendo racionalmente que se trata apenas de um plano que não resultou, sentimos ansiedade, irritação ou desânimo.

Tiago Pimentel - Psicólogo e membro da direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses 

in O Psicólogo responde: como lidar com a frustração de planos que não correm como eu imaginei? (21.09.2025) 

O texto que hoje vos deixo deveria ter sido lançado no dia 8 de setembro, ou no dia 12, no limite no dia 15 de setembro! Estamos a começar, como poderei ocupar o lugar do atraso no cumprimento de prazos? Qual a desculpa plausível... senão a verdade de que também a minha vida está num novo recomeço? É setembro, quem não precisa de receber os novos horários? É a piscina, o karaté, as aulas de expressão musical, sem esquecer o coro ou o clube de leitura a que vou com tanto interesse e tão pouca disponibilidade... ufa... é aquele colega novo que entrou na equipa, ou a própria equipa que se reestruturou durante os meus 15 dias de férias! Espera-se pelo fim de um dia que não pode ser igual ao tão ansiado e desejado verão, calor, praia e descanso... esse tempo é antigo. Agora é tempo de mudar, limpar as carteiras, usar uma camisa nova ou uns sapatos mais confortáveis. Acima de tudo é tempo de recomeçar! Não haverá tempo a perder... dia 8 não é dia 12 e dia 12 não é dia 15 e.... E a vida acontece (por mais 24 - incríveis - horas que a mim me parecem injustos e míseremos 24 segundos). 

Respirei! 

Parei e fui dormir! 

Vamos dormir! 

Amanhã começa tudo de novo e as lancheiras terão de estar impecavelmente prontas e arranjadas com a fruta descascada, as bolachas mais saudáveis e os trabalhos corrigidos com a maior das decências. 

Parei e fui dormir! 

Vamos dormir em paz! 

Que os dias possam ser bons, assim como os recomeços. 

Por aqui estaremos, com agendas para vos receber, as mesmas cadeiras de junho e julho, os mesmos sorrisos, a mesma abertura ao que cá vier deixar, guardar, pensar, lembrar ou chorar. 

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NOTA: Deixamos link de acesso a questionário rápido acerca do seu bem estar emocional: COMO É QUE EU ME SINTO?_OPP e algumas pistas para gerir momentos com maior frustração ou sensação de falta de controle do que o rodeia. Se precisa de ajuda, um Psicólogo pode ajudar! 

A REGRA DOS 3 R para os regressos de setembro: 

1. REENQUADRAR… as exigências da nova realidade. Cuide também da sua saúde psicológica. 

2. REORGANIZAR… adaptando o dia-a-dia à nova realidade. Planeie como e quais as tarefas e procedimentos que terá de abandonar, os que são para manter ou adaptar, bem como as novas tarefas e procedimentos que terá de incluir na rotina.

3. RECOMEÇAR… amanhã é sempre um novo dia. Esta fase é apenas mais um desafio. Lembre-se de todos os desafios e momentos exigentes que já viveu e como os ultrapassou.

Caminhar junto, é caminhar ligado. Conecta-te!